domingo, 25 de maio de 2014

A hostilidade nossa de cada dia

Vou começar este texto informando que ele está na minha cabeça há um tempo... para ser precisa, desde a época que o "ai se eu te pego" do Michel Teló invadiu o mundo e os nossos ouvidos. Nesta semana li que um tal de Pastor Eurico começou a ofender a Xuxa, ela estava acompanhando uma sessão da câmara sobre a proibição dos castigos corporais às crianças. Não estou aqui questionando ou julgando alguém, mas é inegável que a Xuxa tem feito campanhas importantes contra a violência sexual infantil. Parece que o Pastor ofendeu ela pelo filme que ela fez. Bom, eu sempre tiro sarro e faço piada de tudo, mas acho que esse político intitulado Pastor esqueceu de mandamentos básicos pregados por sua religião. Se a Xuxa fez um filme erótico... qual o problema? Não vou dizer o que é certo ou errado, pelo simples motivo de que eu fiz coisas das quais me arrependo muito nesta minha "vidinha". Já fui uma baixinha, mas hoje acho a Xuxa uma chata, mas admiro muito o trabalho dela na linha de frente de projetos para crianças. E achei de péssimo gosto os comentários de que ela não poderia ajudar por ter feito um filme erótico que tinha criança. Gostaria que todos que hostilizaram ela e apoiaram o tal Pastor, olhassem pro seu passado, ou levantassem da frente do computador e fossem fazer algo útil.

Voltando ao Michel Teló, percebo que as redes sociais tornaram as pessoas mais hostis. Na época, ele foi super criticado pela qualidade musical, por estar levando a imagem do Brasil para todo o mundo com um hit chamado "ai se eu te pego", que no fim pegou o mundo todo mesmo. Qual o problema de alguém que trabalha, não prejudica ninguém, paga suas contas, tem uma história de vida que envolve muita determinação e trabalho ser reconhecido no mundo todo por uma música que gruda na cabeça? Ninguém precisa amar o Teló ou a música dele, mas não entendo a hostilidade que se disseminou naquele momento. Acho que o recalque das pessoas sempre vence o bom senso. 

Sempre queremos provar que os outros são piores que nós... só não entendo o motivo. Tendemos sempre a olhar o lado ruim das pessoas. Se a Xuxa tem um lado ruim, ok. Mas ela tem um lado bom. Claro que eu sinto vergonha alheia por diversas declarações dela, mas eu relevo. Ou tento. Enfim, o que importa, são as crianças que acabam sendo ajudadas pelo trabalho dela. E o Teló? Que faça mais sucesso com hits grudentos que ficam na minha cabeça. O cara é gente boa e trabalhou muito para chegar onde está. Assim como diversos brasileiros trabalham diariamente e têm o meu respeito. 

Lembro que uns anos atrás eu hostilizei o Latino e suas músicas. Claro que se tocasse um "festa no apê" eu saía dançando... mas achava ridículo a proporção daquele sucesso. Ficava "pré-julgando" a personalidade dele. Coisas de adolescente. Mas anos depois, eu ouvi uma entrevista dele, e percebi a história de vida do cara, que de acordo com um dos entrevistadores, rodava a periferia do Rio num carro com alto falante tocando a sua música. Ele acreditou, lutou, foi atrás do sonho dele e hoje está aí, casando de terno prateado e colhendo os frutos de um trabalho árduo. Vou confessar que queria ter a persistência dele, sem seu gosto claro. 

Parece que o sucesso nos incomoda, seja o do vizinho ou o do ator de televisão. Estamos conectados tentando mostrar e ver. Julgar e opinar. Saímos escrevendo coisas, entrando em brincadeiras que ofendem. Hostilizamos pelo motivo de: hostilizar está na moda. Cada dia algo ou alguém tem de ser hostilizado nas redes sociais. Enquanto isso, outros tantos estão com disciplina e persistência, conquistando reconhecimento e sucesso. Não interessa se com ou sem qualidade, eles estão conquistando algo com seu esforço e trabalho.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Quando foi que paramos de sonhar?
Percebemos que o tempo passa rápido e que ele faz a vida escapar por entre nossos dedos... vivemos correndo, inventando desculpas.
Esquecemos nossos medos pelo simples fato de que acabou o tempo de sentir medo.
Tudo passa rápido. O dia, a noite, a hora, o amor e o tempo de fazer o que gostamos.
Amamos menos, beijamos menos, trabalhamos mais, buscamos um "status" e esquecemos de sonhar.
Trocamos o sonho pela "busca por sucesso".
Deixamos de acreditar em nós mesmos para ouvir opiniões vagas.
Deixamos de sentir para projetar as frustrações de quem amamos.
Ou que achamos que amamos.

Hoje tudo passa rápido.
Não há mais tempo.
Não há mais sonhos.
Não existe mais fé em si mesmo.
Existe a cobrança e a pressão. Tudo registrado numericamente.

Como reverter este quadro?
Pare. Pense. Volte para o passado.
Tenha sete anos. Depois dez. Depois quinze.
Respire. Admire cada minúsculo movimento.
Respire de novo.
Pense no que você gosta. No que realmente interessa.
A partir disso, reconstrua e remonte os sonhos.

O tempo?
O tempo segue na mesma velocidade.
Com a diferença que com sonhos tudo se torna mais fácil.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

de repente eu me acho
me encaixo
fica por baixo

aí me ergo
me encaixo
acredito no que acho

fico
finjo
fujo
volto

de repente
a mente
se encaixa
e acha o que não se procura

vê o que não se deve
acredita no que não existe
finjo
disfarço

volto
desabo
me encaixo
levanto
caio
me quebro

junto
rejunto
colo.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Estar seguro, um ser seguro

Até aonde vai nossa segurança e certeza?
Tem dias que elas somem. Desaparecem.
E o que fazemos?
Buscamos um abraço, um conforto, uma inspiração.
Gosto de me inspirar, de buscar os braços de alguns velhos e bons amigos.
Afinal, o tempo passa e lá estão eles, de braços abertos.

Eu reclamo muito.
E depois de muito reclamar, eu mesma concluo que não há motivos para isso.
Aí me sinto segura e forte, e desenvolvo uma certeza absoluta em tudo o que eu faço.

Ficamos sempre pensando no "se fosse assim", "era isso" ou "eu queria".
Não focamos no que temos, nem no que podemos.
Buscamos outros abraços... buscamos outras mudanças.
Reclamamos por ser mais cômodo.

A segurança vem do que somos. Ela está presente no nosso presente.
Chegamos aqui com dificuldades, limitações.
Mas chegamos. Vivos.
Em cacos ou não.Estamos aqui.
Seguros? Talvez não.
Mas com a segurança interior.

Segurança que lembramos existir no conforto de um abraço,
na inspiração de uma boa conversa,
no desabafo.

A certeza, deve existir apenas na segurança.
Certeza de que estamos seguros do que somos, o resto é o resto.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Quando o erro é meu - Parte I

Eu erro.
Você erra.
Ela erra. 
Nós erramos.

Mas quando o erro é meu, nosso, dói mais. Não em você.
Dói em mim. 

É difícil pedir desculpas. Ou é simplesmente fácil. 
É fácil errar e achar que tudo se resolve com um pedido de desculpas.

Mas quando o erro é meu, ele dói em mim. 
Dói em ti.
Dói em nós.

Mas a tua dor é diferente da minha dor, uma dor de quem erra. 
De quem olha no espelho e sente a tua e a minha dor. 

Perdão? 
Não consigo me perdoar. 
Penso se você me perdoaria. 
Penso se existe desculpa. Se o perdão é viável.

Penso que a desculpa é utópica. Que ela não apaga as cicatrizes. 
Não cura a dor.
Ela não apaga o que foi dito. 
Ela não chega até a alma.