quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Manuscritos II

Aquele era um sábado normal. Após uma semana exaustiva, chinelos e cabelos desgrenhados era a opção mais viável. Assim veio a cerveja com os amigos, os risos, o bullying coletivo entre eles. Os planos, a troca de segredos. As horas passando e muita cerveja rolando.De repente, após a insistência de amigos, Ana resolve sair para dançar. Mesmo tonta, se achando feia, e bem insegura sobre si mesma.

A noite estava linda, seu vestido era preto, mais curto do que o comum. Após uma dose de tequila, Ana começou a reparar em Pedro de uma maneira diferente, ou simplesmente começou a lhe dar mais oportunidade de conhecê-la. Ressalto que Ana tem a mania de afastar as pessoas dela, fazendo com que elas a odeiem. Ana não gosta de se envolver. Ela não se apaixona, porque não se permite, e também não permite que os outros se encantem por ela.

Mas o Pedro foi além. Foi insistente, sedutor, difícil. E assim eles partiram juntos da festa. Ana trocando as pernas. Ele sendo paciente e carinhoso. Ela queria um sexo e nada mais do que isso, e como Antônia estava viajando, Ana resolveu levar Pedro para sua casa, com a intensão de dispensá-lo após o ato. Antônia é a melhor amiga de Ana, a única que conhece essa menina e seu poder de ser o que não é.

O problema daquela noite, era que Ana havia passado da conta na bebida, e Pedro dormiu com ela. E ele jura até hoje que eles dormiram de conchinha (algo que ela não suporta). No dia seguinte, ela pensou em dispensá-lo, mas sem entender, não conseguiu. Ela simplesmente teve um dia atípico. Um dia perfeito. Onde teve companhia, boas risadas, troca de segredos e experiências de vida.

Mas Ana não é dessas meninas que se encanta. Ana é fria e calculista. Não se prende, não ama, não se entrega. E quando começa a balançar, torna-se uma pessoa facilmente odiável. Antônia sempre repreende esse jeito de Ana, mas entende que ele nada mais é do que um mecanismo de defesa. E se um dia descobrisse o que Ana sentiu por Pedro naquele dia que ficaram juntos, jamais perdoaria a amiga.

Naquele dia Ana riu, relaxou, tentou não se cobrar. Ela sabia que não poderia deixar aquele papo de "vamos nos conhecer" melhor ir adiante. Então decidiu apenas se despedir de Pedro e fazer o que sempre fez. Sem promessas, sem ilusões e perspectivas. Pedro deveria odiá-la naquele final de noite. Após um dia maravilhoso, ela teria de estragar tudo. E assim foi feito.

Hoje... Pedro odeia Ana. E Ana continua pensando em Pedro.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Meu silêncio

"Meu silêncio é um grito
Um grito de alerta
Grito que cala
Que sufoca

Meu silêncio oscila entre paz e tormenta
Turbilhão de pensamentos
Vazio no espaço
Espaço que se preenche de vácuo
O vácuo do silêncio

A paz do que não se ouve
A dor do que se sente
A expressão que tolera o medo
Medo que domina a mente
Mente que persiste no vazio
Vazio que nos leva ao silêncio

Silêncio que persiste
Injusto
Sufocante
Leve e pesado
Grito que repercute no vácuo
Que termina por definir que o silêncio pode ser mais forte que meu grito"