quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A busca

Sempre me cobram alguma postagem no fim do ano. Claro que são poucas pessoas, mas elas existem.
Este ano foi complicado manter a regularidade de postagens, e comecei a escrever dois livros em meio ao meu projeto de trabalho de conclusão de curso.
Mas acho justo terminar o ano falando do que move este blog: EU! Não exatamente o que move, mas a pessoa que faz as postagens.

Venho há algum tempo buscando algo, que de início desconhecia, e hoje, percebo que este "algo" está tomando uma forma. Se é que existe forma para o subjetivo. A busca é algo comum na vida de todos, ela é constante, só varia pela direção, pelo objeto, pela conquista.

Busco um caminho, uma mudança, uma nova chance. Busco o reencontro, a redescoberta. Busco uma nova paixão, ou a renovação da paixão pelos que amo. Busco ser quem eu sempre fui. Busco encontrar o que eu era e unir ao que me tornei.

Busco errar menos. Ter mais paciência. Busco buscar sempre. Busco desistir menos. Busco a busca buscando para tornar já buscado. Busco brincar com palavras. Escrever com impulso. Viver sem sentido e sentindo o que sinto.

A busca de ano novo é seguir a minha busca. Entendendo a sua busca. Ou fingindo que entendo.
A busca deve ser o reflexo da mudança, seu impulso. Um ponto de partida.
Para o recomeço. Para uma nova chance ou descoberta.

A minha, a sua. A busca.
Busca busca busca busca.

Busquei buscado buscando...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A beleza e a tristeza das relações

Das coisas mais interessantes de ver e sentir, sempre destaco a relação que criamos com as pessoas. Independente do tempo, com ou sem vínculo... é bárbaro ver que em cada relação existe uma natureza muito particular, uma sutiliza que em diversos momentos torna-se sublime.

Sempre acreditei que toda relação é uma troca. Por isso sempre que me criticam por estar fazendo demais, repito essa frase que tornou-se meu mantra nas últimas semanas. Amizade é troca, retorno, retribuição... chame do que quiser. Mas sem isso, ela não funciona. Claro que sempre existem valores agregados, como o velho e bom perdão. Que por diversas vezes vem com cicatrizes e um aprendizado importante.

Você se dedica as pessoas pelo simples fato de querer, sem um sentido sensato, concreto. E de repente, a retribuição é tão especial que torna um momento simples, em uma troca especial. De risos, experiências, desabafos, sonhos. E não tem nada no mundo que pague e apague estes momentos. Relação é isso também.

Mas existem partes que são tristes, ou nos fazem tristes. Ou tornam um momento tão esperado em tristeza.
De repente você espera ver aquela pessoa e quando vê, percebe que por uma frase que representa todo um pensamento, aquele momento que era para ser bom, torna-se ruim. É a velha e boa decepção, acompanhada da frustração. Aquela pessoa, passa a ser então uma dúvida. Dúvida do que você quer, e as vezes de quem realmente se quer.

E assim, multiplicamos esses momentos, guardamos, assimilamos. E tocamos em frente. Buscando viver de um jeito diferente e igual. E eu, busco aprender. Com alegrias e tristezas. Registrando e refletindo a beleza e a tristeza que acompanham cada relação que cultivo.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

quando sofrer é mais fácil

Sempre é mais fácil ficar onde se está. Mesmo que sofrendo.
É mais fácil sofrer. Não precisamos caminhar.
Permanecemos estagnados.

Não sonhamos, não buscamos.
Não conseguimos andar e olhar para frente.
Apenas paramos no tempo e lamentamos.
Sonhamos com  o que não podemos controlar.
Na verdade, não conseguimos admitir que nada pode ser controlado,
nem mesmo nós mesmos.

É mais fácil transferir a responsabilidade para o outro.
Sofrer significa acomodar-se no problema.
É difícil procurar uma saída, outro meio de superar a dor.
Sofrer faz parte, continuar sofrendo é escolha.

O sofrimento faz parte, é necessário.
Precisamos dele.
O que não precisamos é permanecer neste estado.
É preciso buscar escolhas, alternativas, remédios, amigos e mudanças.
A causa deve ser analisada, e quando isso não é possível, é preciso mudar o efeito.
O efeito em mim, em você, e em nós.

Sofrer e permanecer nisso é egoísta.
Egoísta pelo simples motivo que o nosso sofrimento também traz sofrimento para os outros.
Portanto, sofra somente o necessário.
Não se permita sofrer por muito tempo, seja qual for a causa deste sofrimento.
Permita-se sorrir e recomeçar, nem que seja para sofrer de novo.
Mas que a causa desse sofrimento mude... juntamente com a vida.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

tecnologia do amor

Crescemos ouvindo falar de amor, ao menos muitos de nós.
Mas que amor era aquele de nossa infância, que hoje já é diferente...

O amor é virtual, inconsequente.
Amor de redes sociais.
De palavras curtas e mensagens instantâneas.

Não amamos mais o toque. 
Amamos perfis.
Buscamos curtidas.

Claro que o bom e velho amor ainda estão por aí.
Cada vez menos presente. 
Durando o tempo da mensagem chegar.
Do perfil apagar.

Me relaciono com a tecnologia, 
pois é ela que me acompanha 24 horas 
É ela que me registra, me marca e me guarda.
Ela está ali.
Mesmo quando já não existe amor.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Desabafo de uma bibliotecária - por Caroline Corrêa


Hoje estava ouvindo o Pretinho Básico das 18h e o assunto em questão era o grande acervo particular de livros do falecido professor e jornalista Tatata Pimentel e a recusa de uma universidade em aceitar a doação deste acervo, por estarem rabiscados. Todos lamentaram esta recusa dizendo que poderia ter sido criada uma sessão dentro da biblioteca da universidade, com o nome do jornalista, com suas obras e seus grifos. Fetter e seus colegas comentaram sobre a importância da biblioteca e dos profissionais que ali trabalham, exaltaram também, que os bibliotecários são responsáveis por preservar os livros e consequentemente a informação. Citaram o quanto este profissional deve ser valorizado devido ao seu importante papel social. Confesso que fiquei muito feliz em ouvir comentários tão positivos sobre a minha futura profissão, ao contrário do que costumo ouvir de pessoas que desconhecem o trabalho do bibliotecário. 


Estou no 4º semestre do curso e para muitos esta minha escolha foi um “fracasso”, pois fazia Matemática e decidi trocar, ouvi algumas brincadeiras por pura falta de informação e até com pontinhas de preconceito. Mas pra mim foi o descobrimento de minha identidade, a possibilidade de juntar o prazer com o trabalho. Sim, amo muito livros, amo ler, amo sentir o cheiro de livro novo, amo devorar livros, amo saber que tem um livro dentro da minha mochila só esperando eu ter um tempinho pra abri-lo e desfrutar de sua linda história, amo ter uma lista de espera de livros, enfim quem ama ler sabe do que eu estou falando. O curso de Biblioteconomia ensina como posso cuidar deste bem tão querido, como a informação pode ser disponibilizada a seus usuários, como pode ser preservada, como ocorre a gestão da biblioteca, como promover a leitura na comunidade, entre outras funções. Contudo, acredito que falta nesta profissão a valorização do profissional perante a sociedade, comentários do tipo “precisa fazer faculdade para guardar livros nas estantes?” só denigrem a nossa imagem. Temos que buscar esta valorização, provar que somos e sempre seremos necessários na preservação e disseminação da informação para gerações futuras. 
Enfim queridos amigos é um “pequeno” desabafo sobre esta profissão que daqui a 2 aninhos, com muito orgulho, passará a ser minha 


Autora: Caroline Corrêa (Em 24/09/2013)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A tela branca

Um belo dia, você se depara com ela.
Branca.
Com um traço piscando.
Pisca pisca pisca e pisca.
Você levanta. Dá uma volta.
Volta. Senta.
Levanta.

Volta.
Abre outra janela.
Entra em alguma rede social.
 Bisbilhota a vida de várias pessoas.
Esquece da tela branca.

Lembra da tela.
Volta pra ela.
A tela. Que vai. Que volta.
Mentira!
Ela sempre esteve ali.
Está.
E se depender de você vai ficar lá.

Até que após algumas horas.
Você descobre como acabar com ela.
Desliga o computador.
Sem culpa, sem desculpa.

Amanhã é outro dia.

domingo, 4 de agosto de 2013


A sutileza não está nos olhos de quem diz que algo é doce ou salgado, mas sim no sabor de quem experimenta, que consegue ter a sensibilidade de sentir o cheiro. 
A aparência, o que está cobrindo, não mostra o que se é em essência. 

Somos muito mais do que enxergam. Do que escutam. Ou que imaginam.

Somos feitos de sonhos, gestos escondidos, pensamentos perdidos.
Façamos um pouco de força para perceber que tudo é muito mais sensível e sutil do que parece.
Fique em silêncio e apenas sinta o perfume doce. Ou preste atenção num gesto de carinho. 

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Tem dias, em que a sutileza, está no silêncio
Que a dor, está disfarçada em um sorriso
E que o cansaço, está estampado no corpo que não consegue parar
Os olhos estão cheios, num abismo de escuridão
Cheio de vazio

E nesse dia, a solidão está te acompanhando
Pelo simples motivo de não querer que você fique sozinho
Não há palavra, nem consolo
Não há sonho, nem preenchimento

O que existe, é uma alma
Sentida
Contida
Parada
Procurando um sinal
Escalando o abismo

O que procuras?
"a lua"
A lua?
"sim"
O que ela tem de especial?
"o universo ao seu redor, e a certeza que mesmo sozinha, ela nunca estará realmente só"

sábado, 20 de julho de 2013

Dia do amigo

Eu não tenho um milhão de amigos, mas tenho alguns que valem por um milhão.
Me trazem luz quando o dia tá escuro.
Me fazem rir quando estou chorando. 
Me dão um abraço que vale mais que qualquer palavra de consolo.
Amigos que me perdoam... perdoam de novo. 
Me xingam. Param de falar comigo e depois me ligam como se nada tivesse acontecido.
Amigos que me falam verdades e até mesmo algumas mentiras. 

Tenho amigos que são como terapeutas, médicos, enfermeiros, administradores, dentistas, massagistas, entre outras profissões. O detalhe é que muitos nem tem habilitação para nada disso, mas são capazes de ser caso necessário.
Tenho amigos jovens e velhos. Tenho velhos amigos e novos amigos. Tenho amigos do twitter. Amigos pelo mundo.

Amigos que falo pouco, mas sinto um amor profundo. Amigos que vejo tanto e mesmo assim sinto falta. 
Não importa o tipo de amigo que eu tenha. Os que estão comigo neste momento, os que tiveram em tantos outros... Sempre serei grata a todos pelo carinho acolhedor, pelos puxões de orelha, pela companhia, pelas brigas, pelas desculpas, pelos "cala boca Kaká".
Não há palavras que expressem o que significa um amigo na minha vida. Mesmo os que perdi ao longo desta caminhada por motivos idiotas ou não,  ou os que perdi para a eternidade, permanecem em minha vida, seja por alguma característica particular ou conquista. 

O importante é ter amigos. É ser amigo. Com erros e acertos, não há nada no mundo que substitua uma boa amizade. Seja entre desconhecidos, pai e filho, irmãos... 

Um feliz dia do amigo em clima sertanejo! rsrsrs







sexta-feira, 19 de julho de 2013

Romeo

Não entendia o que estava fazendo no hospital. Ainda era tudo muito confuso. Acordava e dormia sem ter noção de tempo e espaço. Cada rosto era uma incógnita. Não identificava quem era funcionário, amigo ou familiar. Até que pedi ao meu médico que suspendesse as visitas e me deixasse assimilar toda a situação. Aquele entra e sai, perguntas sem respostas, apresentações, fotos, tudo era massacrante... só de lembrar minhas dores de cabeça aparecem novamente. A única pessoa que me trazia a sensação de paz era o Romeo, talvez pelo motivo de ter sido um dos primeiros rostos que eu vi após meu retorno à consciência. Mesmo não sabendo mais quem eu era, consegui identificar naqueles olhos uma segurança que jamais entendi o motivo, pelo menos nesta minha nova vida. Eu não sabia quem ele realmente era, e porque estava ali, mas sabia que aquele rosto me transmitia a tranquilidade necessária para tentar recomeçar. 

Romeo tinha uma vantagem maior sobre meus amigos e familiares, seu pai era um dos chefes da equipe médica do hospital, então meu amigo entrava e saía na hora que quisesse do meu quarto. Ele também era uma graça, tinha uma lábia que convencia qualquer enfermeiro de que ele deveria estar ao meu lado naquele momento. E esteve. Não o tempo todo. Mas esteve durante o tempo que pode. Ele era uma das únicas pessoas que não me parecia "um estranho", não sei o tipo de relação que eu tive com ele antes do meu acidente, apenas sei que de alguma forma fui importante para ele. Durante o tempo que estive no hospital, tentando recuperar algum resquício de memória, ele falava coisas aleatórias comigo, como música clássica, jazz, filme, seriados. Ele me levou temporadas inteiras de "game of thrones", falava com uma empolgação sobre esta série, que eu mesmo sem gostar dela, acabei gostando. Sim, ele consegue fazer isso com as pessoas. Lembro que ele dizia que eu escrevia bem, mesmo  nunca tendo certeza de que ele lia minhas anotações. Tinha dias que ele entrava no quarto e cantarolava alguma composição sua no piano, rindo e falando coisas obscenas sobre as enfermeiras do hospital. Ele era um tarado, e eu achava isso muito engraçado. Nunca me desrespeitou, nem tentou nada, até porque eu nunca fui linda ou gostosa. E no hospital, estava mais para fantasma do que para gostosona. 

Por diversas vezes, o horror de não saber quem eu era ou a falta de ter um passado,   me fizeram pensar em desistir, em me questionar se não teria sido melhor a morte. Misteriosamente, neste momentos, ele me ligava, mandava mensagens com piadas idiotas, ou aparecia com alguma coisa diferente para fazermos. As vezes eu não atendia o celular, mas sorria ao ver o nome dele me chamando. Sentimentos que eu não sei explicar, ou não lembro da explicação mesmo. A vantagem de perder a memória, no caso do meu amigo Romeo, é que se um dia magoei ele, jamais vou me punir por isso, pois não lembro, e isso me dá um alívio. Jamais ia querer levar para o resto de minha vida uma culpa destas. Meu querido amigo. Uma das primeiras pessoas que enxerguei logo que abri meus olhos, não era nenhum Brad Pitt, mas era um rosto que me trazia paz. Estranho que quase ninguém comentava como era a nossa amizade e relação antes do acidente. E a falta de coragem de investigar o meu passado, ocultaram nossa relação anterior. Meus amigos que dizem me acompanhar há anos, não convivem com ele, não falam sobre, eu acho estranho. No início até me preocupava com esse detalhe, mas depois que descobri que recuperar a memória era quase um milagre divino, deixei que estes detalhes ficassem para trás. A amizade que eu tinha com Romeo após meu acidente, faria qualquer problema do passado parecer insignificante. 

Tive dias em que ninguém suportava ficar perto de mim, acho que a chatice era uma característica de minha velha personalidade. Quem aguentava minhas crises era ele. Com namorada, trabalho, estudos, família, ele me socorria com mensagens curtas, que tinham grande significado. Cada vez que pensei em desistir de tudo, da fisioterapia, dos esforços diários de recuperação, ele apenas me enviava um: NÃO. Aquele não trazia uma vasta mensagem de apoio implícita. Embora ele nunca tenha notado, eu acho. Quando o Marcelo estava por perto, Romeo assumia uma aura de preocupação. Ele tinha um pé atrás com aquele que dizia ser meu namorado antes do acidente. Eu nunca entendi os comentários do meu amigo. E não sei se um dia vou querer saber, apesar de ter questionado seus comentários diversas vezes, ele sempre tinha a resposta na ponta da língua: "você foi uma mulher de muitos amigos, de diferentes grupos de amigos, contabilizá-los seria impossível" e assim mudava de assunto e ria da minha cara de brava.


Este texto faz  parte do livro que estou escrevendo. Postei como um teste, portanto, ele não passou por revisão e nem por correção ortográfica. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

eu erro
erro sempre
o normal, no meu eu, 
é ser errada
é rir quando não se deve
chorar quando não precisa

me sufoco quando preciso gritar
grito com a alma,
como uma forma de amar
procuro quando devo fugir
falo na hora de me calar,
me calo quando preciso falar

sempre estou errada,
errada nos olhos dos que enxergam o ato
sem visualizar meu contexto

meu contexto...
sem ter a percepção
que divide o certo do errado
eu sigo errando 
errando e acertando 
com meu jeito errado de ser
errando de maneira certa
o que chamo de viver



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Carta para Dilma

Prezada Presidenta,

Eu convivo com violência o ano todo. Alguns amigos com uma arma na cabeça inclusive. Não me venha falar de violência de baderneiros. Porque os manifestantes estavam contra o quebra quebra. 

Gostaria que fosse mais clara quanto a devolução do MEU dinheiro investido nos estádios... Quero número, prazos, propostas.

Gostaria de uma explicação sobre a Cura Gay do Feliciano.

Algo sobre a PEC37.

Do projeto dos médicos estrangeiros, quanto eles vão receber... porque esse dinheiro não foi investido no SUS? Porque a Saúde não é prioridade... Vamos por este caminho. Fale mais, por favor.

Não vou escrever muito...por que se a sra não escuta uma multidão, imagina ler o que escrevo....

Gostaria de saber porque os policiais não são tão duros com mensaleiros como são com manifestantes. Pq a sra não é tão dura com mensaleiros?

Gostaria de lembrá-la que só vamos parar e melhorar o Brasil, quando os políticos de TODOS os partidos pararem de nos roubar.

Não estou preocupada com a Copa do Mundo. Mas com as pessoas morrendo na fila do SUS, por falta de recurso, atendimento, profissionais, entre outros. Não quero saber se o Brasil participou de todas as copas do mundo... quero saber porque ainda se morre esperando atendimento na emergência do SUS.

Grata pela sua atenção.

p.s. Não sou sua amiga. Sou sua chefe. Me respeite por favor.

Att

Kaka

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Minha história na educação

Nunca fui a melhor aluna. Nunca fui a mais estudiosa. Nunca fui a mais dedicada. Nunca fui exemplo de nada relacionado a escola. Mas sempre gostei de estudar. Mesmo sem admitir, nunca me importei com as noites não dormidas em véspera de prova no colégio. Mesmo sendo "reclamona", eu sempre gostei.Meu problema com os estudos sempre se resumiram não acreditar que eu era capaz. Mas sempre que estive com a corda no pescoço, venci. Com muito esforço e ajuda de quem sabia mais. 

Sempre lembro do esforço que minha mãe fez para me manter em um bom colégio. Foi um sufoco. Mas após muita batalha, ela conseguiu a minha bolsa de estudo. Tive bons professores durante minha formação. que por diversas vezes romperam aquela barreira comum entre aluno e professor. Talvez na época eu não tivesse percebido, mas sempre estive cercada de mestres. Mestres que levarei comigo sempre. 

Livro foi algo que nunca faltou lá em casa. Quando não havia dinheiro para comprá-los, apareciam doações ou empréstimos. E foi nos livros que percebi meu amor pela escrita. Meu vício de inventar histórias mentalmente, ou alterar as histórias que eu lia. Hoje, tenho um prazer em adquirir livros. E mais prazer em poder emprestá-los. Incentivo todo mundo a estudar. A não desistir. A ler. A escrever. Ensino quando posso e quando sei, e tento aprender o tempo todo, mesmo sabendo que é impossível. 

Entrei numa Universidade Federal. Desisti do curso por problemas de conciliar estudo e trabalho. Estudar química não é pra qualquer um. Ainda mais quando não possuímos aquele talento natural para isso. Precisaria me dedicar somente a faculdade para me formar. E estudar mais do que fazer qualquer outra coisa nesse tempo. Eu costumo brincar que que larguei a química "por falta de química". 

Após esse empreitada na química, decidi estudar pro vestibular novamente. Perdida. Sem conseguir definir meu rumo. A insegurança de escolher o errado. Eu queria a área da saúde, mas me apontavam muito mais coisas negativas do que positivas. Cheguei a ouvir que não possuía o talento e o sangue frio para trabalhar nela. Após muitas horas, dias e meses de estudo, consegui ir bem no famoso Enem. Se tudo desse certo, não seria necessário encarar um vestibular da federal. Dentre os cursos que tinha média para bolsa de estudos, optei, ao contrário de muitos conselhos, pela Enfermagem. Ouvi calada todos os empecilhos e  críticas sobre a profissão. Para muitos eu morreria de fome e desempregada.

Como sou doida e teimosa, resolvi que se fosse para morrer de fome, seria fazendo a diferença. E assim iniciei a jornada. Já passaram-se quatro anos. E o mérito de estar aqui não se resume a minha bolsa de estudos ou a universidade, se resume a boa vontade dos meus amigos em me apoiarem nos momentos mais complicados. Eu brinco com uma amiga que faço questão de agradecer ela na minha formatura por todos os dez reais emprestados no meu primeiro semestre de faculdade, pois sem eles eu não teria conseguido chegar nas aulas. 

Eu ganhei uma bolsa, por mérito meu. Mas ninguém quer saber se eu consigo manter os gastos com a faculdade. Sim, gastos de transporte, material, deslocamento para estágios fora da cidade. Descobri que a universidade é tão fria quanto a maioria dos que lá estão. Busca-se poder, incentiva-se a vaidade, fecham-se os olhos para os desvios de conduta de alguns alunos, se pensa somente no dinheiro. Obvio que a universidade precisa dele para se manter...mas sempre achei que o ensino e integridade eram os "carros chefes" de uma educação. Eu tenho uma visão utópica sobre o ensino e a profissão que escolhi. Minha visão é boba e infantil. Irreal. Os alunos não possuem voz. Não há respeito. Existem máscaras e cinismo. No fim, somos apenas mensalidade. Lucro. Metas. Poder e vaidade. 

Hoje, muito mais do que em qualquer outro dia, percebo que a universidade não me agregou nada, NADA de bom. Cada conquista foi mérito meu e dos que me apoiam. Salvo alguns professores, o resto me ensinou tudo o que não quero ser como pessoa e profissional. E está claro, que o problema da educação, não está só no governo, mas também nesses que administram as instituições de ensino. E o motivo de escrever tudo isso? Chegou o momento em que talvez eu tenha que deixar tudo de lado. Desistir por hora, ou atrasar a formatura. Ou largar tudo e virar hippie. Quem sabe ganhar na mega sena... E a única lição que tiro de tudo isso: nenhum esforço é válido se não há um lugar bom para chegar. De nada adiantou todo o esforço, se estou numa instituição que não ouve os pedidos dos seus alunos. Há semestres estamos pedindo a mesma coisa, e NADA, mas NADA foi feito e nem justificado. Fecha-se os olhos para o necessário, e permite-se que os "espertinhos" sigam adiante. 

Sei que minha história não é a pior ou a mais triste. Mas infelizmente é mais comum do que imaginamos. E meu desabafo de nada vai servir, vai ser mais um registro. E só.

sábado, 1 de junho de 2013

Incoerências

Decidir é muito complicado. Sempre metade de chance de dar certo, e outra metade errado.

Eu sempre penso na parte do errado. Penso nos defeitos, na falta de habilidade, no insucesso. No fracasso.
Hoje fui questionada que o fracasso está sempre atrelado no sucesso. Porque o sucesso provém de inúmeros fracassos. O mais engraçado é que tem pessoas que pedem para você conceituar o fracasso e o sucesso. Você consegue? Eu não.

Muitas coisas que hoje são base para nossa evolução, foram um fracasso. Músicas, livros, obras de arte, teorias científicas. Amores que não deram certo... como Romeu e Julieta. Se eu tivesse desistido de caminhar no primeiro tombo... jamais teria dado os primeiros passos absolutos, confiantes. 

Ninguém acerta sempre na primeira, e na maioria dos casos, acerta por sorte. O sucesso depende do fracasso porque ele precisa do esforço. precisa de erros, dos tombos, das lágrimas. Precisa do esforço, da força de vontade. 

Nada é fácil. Mas também o difícil não é impossível. Tudo é viável com força de vontade e determinação. Nada é impossível, ou é pelo fato de você achar e acreditar que é. 


E vou terminando isso aqui para não cair na mesmice de mais um texto de auto-ajuda...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Go go go

Muito se fala e se sonha com a vida ideal. Você já definiu a sua?
Defina.
Depois se arrependa de tudo o que você definiu.
Saia e viva.

Erre.
Caia.
Surte.
Jogue o copo na parede.

Chore a noite toda amiga.
Dê muitos socos na parede caro amigo.

Ilusão.
Decepção.

Sim.
Fazem parte do curso, do caminho, das decisões.
Chore.
Ria.
Dance.
Sonhe.
Pegue geral.

Volte pro centro do universo. E sonhe.
Conte uma piada. Peça um drink.
Coma uma barra de chocolate.
Humilhe os outros. Humilhe a si mesmo.

Não desista.
Ouça uma música.
Uma boa música.

Caia no chão.
Chore de rir.
Ouse.
Viva.
Vá atrás de seus sonhos.

Não pense na pessoa amada.
Amar é relativo.
Pense apenas em si mesma.
Ninguém morre de amor.

Vida. Vá. Siga.
Saia do computador e vá.
Tchau!
Go!
Run!!!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Me perdendo...

É nesses dias que me perco, que não acho os pensamentos e não organizo o meu tempo... os dias que me encontro perdida na vida, são justamente os dias que me acho. Que descubro coisas escondidas. Que falo frases de alta qualidade poética, inutilizadas. Minha sinceridade, sempre acompanhada de uma taça de vinho, resolve passear para alem do meu território.

Perdida em prazos, tarefas, compromissos, planos, futuro, decisões, eu busco em coisas simples algum sentido pra tudo isso. Busco um caminho novo que me leve até um velho sonho. Me permito cometer erros que já foram aprendidos. Me permito declarações de amor a quem amo. Me permito falar do amor com naturalidade. Porque pode não parecer, eu também amo. Amo de um jeito que não parece. Mas não amo sempre. Amo mais nesses momentos que consigo permitir que esse amor saia de dentro, como um grito preso na garganta.

Eu fujo porque amo. Eu quero ver felicidade porque amo. Não! Não é paixão. Você não está me lendo direito. É amor. Simples. Puro. Sem aquela complicação. É amor em sua essência. Aquele amor que não precisa ser tocado nem consumado. É um amor que só quer o bem. Só deseja ver aquele sorriso e ouvir aquela risada gostosa. Vai alem de cheiro, toque, sexo, prazer, filhos, família. É um amor que me permite ser feliz e ir atrás de meus sonhos. 

Esses dias procurando sei lá o que, eis que me acho aqui. Que fujo para esse universo paralelo que faz valer cada gota de minha essência. Dividindo esse labirinto, consigo visualizar o meio. Sei que não vou conseguir chegar ali logo. Mas dá um alívio saber que ele existe, me espera, me chama. Eu preciso me perder sempre, porque esqueço de me achar nessa correria que se tornou minha vida. Entre julgamentos sobre atitudes e maneira de ser, me perco tentando explicar o que não precisa. Eu gosto de ser assim, de agir com essa loucura e impulsividade. De dizer que gosto, de abraçar, de querer suprir certas necessidades. Eu preciso melhorar muito, como todos. Mas é quando me perco que aprendo a me amar mais, me perdoar, me respeitar. 

É na perdição que encontro o sentido. É no amor que transgrido o que preciso. É sendo compreendida que sou entendida pela minha essência.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Estórias - Parte I

Helena e Eduarda eram ambíguas. Unidas por olhares entre uma distância estipulada por uma hierarquia que elas não entendiam. Cresceram no mesmo espaço, trocando sorrisos escondidos. E olhares de consolo. Suas famílias jamais romperam com as regras. Cada uma com suas responsabilidades. E assim foi por anos.

Em um dia de sol, Helena resolveu romper a barreira imposta por sua cuidadora, e resolveu ir brincar além dos limites do castelo. Partiu acompanhando as nuvens e o céu, iluminado por um sol e por seus sonhos. Sorrindo e cantando encontrou Eduarda fora dos limites, fora daquilo que as mantinham longe. Com olhares de dúvida e sorrisos nos seus rostos, pararam uma em frente a outra. Apenas com os olhares, ao mesmo tempo ergueram as mãos e se tocaram, Helena acariciou o rosto de Eduarda, que já estava com a sua mão na outra mão daquela menina que parecia uma boneca de porcelana. Romperam o silêncio com gargalhadas.  

De repente, riam. Riam muito. Riram a ponto de se jogarem no chão e gargalharem. Após alguns minutos Helena agradeceu a amiga, pelo conforto. Eduarda se espantou e disse que queria agradecer ela pelo mesmo motivo. Ambas viviam em mundos diferentes, sendo cobradas de maneiras diferentes. Ambas amarguradas pela pobreza e pela riqueza. As duas se confortavam a cada olhar trocado.

Naquela tarde elas correram pelos campos, banharam-se no rio, comeram frutas, cantaram, sonharam. Viveram num universo paralelo, onde não existiam regras, apenas amizade. Elas conheceram o significado do amor e amizade, em gestos sutis e brincadeiras de crianças. 

Suas vidas nunca mais foram as mesmas após aquela tarde. Helena, dentro de suas obrigações no castelo, suportava tudo em nome daquela amizade que a mantinha segura. Eduarda era o pilar de Helena e vice-versa. Assim, por anos elas se ajudaram e tornaram a vida mais agradável com suas brincadeiras e sonhos. Lá, no bosque, o mundo era ideal, sem classe, dinheiro, interesse, vestidos, camponeses, exploração. Era no bosque que elas se perdiam em um mundo justo. 

Após a morte do pai de Eduarda, os encontros foram ficando escassos. A menina de cabelos ruivos tinha de ajudar no sustento da casa. O que a deixara mais magra e fraca. A comida nunca fora farta em sua casa, mas as tarde com a amiga era garantia de sobras do castelo. A sobras de comida e um amor sincero que a mantinham seus olhos corados e vivos. Helena sofrera muito com a distância da amiga. Tentou chegar perto diversas vezes, mas sua cuidadora sempre a impedia de se aproximar de seres inferiores. A dor de Helena era na alma.

Ao completar quinze anos, Helena descobriu que iria se casar. para desespero completo de Eduarda, que ouviu o anúncio feito em frente ao castelo. Helena e Eduarda sabiam que aquele seria o ato que colocaria um ponto final em seus encontros. Ambas seguiriam o curso da vida, longe do apoio que aquela amizade representava na vida delas. Helena sempre disse que não tinha vontade de se casar, já que nutria uma paixão platônica por um arqueiro que trocava olhares com ela. Eduarda queria desbravar o mundo, esse era o sonho que confidenciava a amiga. 

Um dia, no lago, Eduarda avistou Helena e o Arqueiro. E entendeu o brilho no olhar da amiga. Dias antes elas se cruzaram em uma feira. Helena estava com o noivo, moço bonito, mas rude demais para os padrões de homem ideal estipulado pelas amigas. O noivo era nobre, filho de um feitor. O arqueiro era bravo, porém dotado do sorriso mais lindo que ambas viram. Ao avistar a amiga com aquele que era seu amor, Eduarda sentiu um alívio, mesmo comprometida, mesmo com as cobranças, Helena chegara perto do amor verdadeiro. E agora, já era hora de Eduarda partir. Sabia que aquele arqueiro, daria a luz necessária a vida de sua grande amiga. 

No outro dia, Eduarda amanheceu antes de todos. E com a roupa do corpo, partiu sem intenção de retornar. Deixou um bilhete a sua mãe, e alguns tostões juntados com trabalhos extras. E antes de pegar a estrada, procurou o arqueiro, deixando com ele sua despedida a amiga. Mas antes de partir, ouviu a promessa mais sincera de toda sua vida. Aquele arqueiro, com seu sorriso e brilho nos olhos, prometeu cuidar de Helena. Onde quer que ela fosse. Prometeu manter o brilho no olhar de sua amada e fiel amiga, e guardar sua felicidade, como Eduarda sempre fez.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Desejos...

Desejo que as pessoas sejam menos pré-conceituosas.
Desejo mais abraços. Mais beijo. Mais demonstração de carinho.
Desejo mais piadas e menos crítica. Desejo que eu consiga rir de mim mesma e te chamar pra rir junto.
Desejo rir dos meus defeitos, sem esquecer que preciso superá-los. E rir ajuda. 
Desejo amigos que briguem, discutam, me magoem, que me permitam errar. Mas desejo mais ainda amigos que me perdoem, que me entendam quando errar.
Desejo sonhos. Impossíveis e possíveis.
Desejo amar cada criança que aparecer na minha frente, e em troca receber um sorriso sincero.

Quero gratidão. 
Quero cúmplices. 
Quero festa.
Quero paz.
Quero música.
Quero silêncio.

Preciso de ousadia.
Mas também preciso de calma.
Preciso de desafios.
Mas também preciso do obvio. 
Preciso de conselhos.
Mas também de puxões de orelhas.

Persisto porque desejo, quero e preciso.
Isso é desejo de vida. Desejos pra vida. Desejos na vida. Desejos da vida...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A Saudade...

A saudade é um sentimento que simplesmente chega, invade o dia, o momento, o sono, a dor...
Ela pode ter cheiro, rosto, toque, lugar de origem, endereço, data... Ou ela simplesmente não tem sentido. 
A saudade não precisa ter um vínculo sensato, ela apenas existe porque precisamos desse sentimento. 
Precisamos sentir a falta, de algo bom, ou até mesmo ruim. Mas que nos remete a um sentimento incontrolável. 

É possível sentir saudade de algo que não foi vivido, ou de alguém que nunca vimos e falamos.
Para existir saudade basta ter amor, ou algum sentimento que derive dele.
Saudades de um amor que nunca mais será sentido, ou apenas consumado num toque ou abraço.

A saudade nos ensina, mas também pune.
Ela nos leva para os lugares mais distantes, sem  nos percebermos lá.

Sinto saudades de tanta coisa, e sei que muitas saudades inimagináveis ainda vão surgir. 
E quero que a saudade sempre venha, me surpreenda. Quero descobrir amores por este caminho. 
Quero ser descoberta com saudade. Quero ser lembrada com saudade.
Quero lembrar de tudo o que me importa e que eu acho que não importa, com uma saudade que traz a sensação de dever feito, muito bem feito.

Mas se ela não vier do jeito que eu idealizo, que ainda assim ela venha. 
Porque eu preciso da saudade. Pois eu sinto saudade de sentir saudade... 

domingo, 17 de março de 2013

"Seres"

De repente, a vida prega mais uma peça...o que antes era temido e detestado, hoje é muito admirado e almejado. São sonhos que mudam, caminhos que tornam-se ultrapassados, descobertas inesperadas. O caminho nem sempre é o escolhido, e na primeira impressão parece não ser o correto. Aí a paixão acontece, em meio ao frio na barriga, ao pânico de tomar as decisões erradas. Aqueles "seres" tão pequenos e frágeis, me passam a impressão de que quebram-se ao primeiro toque. Mas para a surpresa, naquele frágil corpo, existe uma força incalculável, uma vontade de viver maior do que imaginado. Não há o que ser discutido, a paixão e o encanto por tudo "aquilo" é imediata, incontrolável e sem pretensão nenhuma.

A paixão pelo cheiro, por apenas olhar cada movimento de mãos pequeninas, cada frequência respiratória que luta contra um ventilador, cada batimento que se acelera, uma pequena resposta ao ambiente, ao mundo lá fora... um mundo inteiro a ser desbravado por aquelas mãos, por aquele corpo de aparência frágil e força incalculável. 

Num mundo real, troquei o medo pela paixão, o pânico pela admiração. Deixei de ser frágil para ter coragem suficiente. Parei para refletir sobre sonhos e escolhas, pensar  no caminho a ser seguido. Conclui que não dá para fazer muitos planos, porque a vida muda a cada dia, e cada paixão nova permite a mudança de trajeto. E hoje, só consigo pensar em trilhar um trajeto para aprender mais com aqueles "seres" pequenos. O amanhã eu deixo para amanhã.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Dona Elvira

"Minha querida Vó,

Saudades de seus abraços. 
Meus ombros nunca mais foram os mesmos sem tuas massagens regadas a histórias da infância. Hoje eles carregam o peso da responsabilidade.
Meus ouvidos ainda escutam aquele sotaque alemão, e as risadas do seu jeito errado de escrever a lista de compras. Ainda me recordo da velha e boa história de como você aprendeu português ensinando alemão e cuidando de criança. 

Lembro do dia que você caiu do cavalo descendo do morro, mesmo não vivenciando. 

Lembro do seu cheiro de vó. Do seu ombro me consolando a cada briga com minha mãe, e de seus dedos limpando minhas lágrimas a cada castigo. 

Eu nunca mais reclamei dos tapetes que escorregavam na casa com o chão encerado. Ninguém nunca mais reclamou das minhas corridas no corredor da velha casa de madeira. Eu nunca mais dividi os sonhos de uma vida tranquila, família grande e muitos filhos. Hoje eu só penso em faculdade, trabalho e perspectivas profissionais. 

Eu nunca mais fiz massagem em alguém sem reclamar... reclamo sempre. Porque não são os seus ombros que massageio, e não são as suas histórias que eu ouço. 

Gostaria de voltar no tempo, de ficar de castigo e passar a tarde na tua casa. Brincando sozinha, ouvindo você reclamar da minha bagunça e me fazer um pão com nata. Queria voltar a acreditar naqueles sonhos. Queria ir todo o verão nadar na velha piscina de plástico nos fundos da tua casa. Queria ouvir as histórias do vô. 

Hoje te tenho em fotos, nas lembranças, no diário, no coração e na alma. E agora, em mais uma música. 

Obrigada querida "véia Elvira". Espero que tenhas orgulho do que me tornei, pois te tenho como parte de mim.

Com amor,

da neta Kamile."




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Manuscritos II

Aquele era um sábado normal. Após uma semana exaustiva, chinelos e cabelos desgrenhados era a opção mais viável. Assim veio a cerveja com os amigos, os risos, o bullying coletivo entre eles. Os planos, a troca de segredos. As horas passando e muita cerveja rolando.De repente, após a insistência de amigos, Ana resolve sair para dançar. Mesmo tonta, se achando feia, e bem insegura sobre si mesma.

A noite estava linda, seu vestido era preto, mais curto do que o comum. Após uma dose de tequila, Ana começou a reparar em Pedro de uma maneira diferente, ou simplesmente começou a lhe dar mais oportunidade de conhecê-la. Ressalto que Ana tem a mania de afastar as pessoas dela, fazendo com que elas a odeiem. Ana não gosta de se envolver. Ela não se apaixona, porque não se permite, e também não permite que os outros se encantem por ela.

Mas o Pedro foi além. Foi insistente, sedutor, difícil. E assim eles partiram juntos da festa. Ana trocando as pernas. Ele sendo paciente e carinhoso. Ela queria um sexo e nada mais do que isso, e como Antônia estava viajando, Ana resolveu levar Pedro para sua casa, com a intensão de dispensá-lo após o ato. Antônia é a melhor amiga de Ana, a única que conhece essa menina e seu poder de ser o que não é.

O problema daquela noite, era que Ana havia passado da conta na bebida, e Pedro dormiu com ela. E ele jura até hoje que eles dormiram de conchinha (algo que ela não suporta). No dia seguinte, ela pensou em dispensá-lo, mas sem entender, não conseguiu. Ela simplesmente teve um dia atípico. Um dia perfeito. Onde teve companhia, boas risadas, troca de segredos e experiências de vida.

Mas Ana não é dessas meninas que se encanta. Ana é fria e calculista. Não se prende, não ama, não se entrega. E quando começa a balançar, torna-se uma pessoa facilmente odiável. Antônia sempre repreende esse jeito de Ana, mas entende que ele nada mais é do que um mecanismo de defesa. E se um dia descobrisse o que Ana sentiu por Pedro naquele dia que ficaram juntos, jamais perdoaria a amiga.

Naquele dia Ana riu, relaxou, tentou não se cobrar. Ela sabia que não poderia deixar aquele papo de "vamos nos conhecer" melhor ir adiante. Então decidiu apenas se despedir de Pedro e fazer o que sempre fez. Sem promessas, sem ilusões e perspectivas. Pedro deveria odiá-la naquele final de noite. Após um dia maravilhoso, ela teria de estragar tudo. E assim foi feito.

Hoje... Pedro odeia Ana. E Ana continua pensando em Pedro.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Meu silêncio

"Meu silêncio é um grito
Um grito de alerta
Grito que cala
Que sufoca

Meu silêncio oscila entre paz e tormenta
Turbilhão de pensamentos
Vazio no espaço
Espaço que se preenche de vácuo
O vácuo do silêncio

A paz do que não se ouve
A dor do que se sente
A expressão que tolera o medo
Medo que domina a mente
Mente que persiste no vazio
Vazio que nos leva ao silêncio

Silêncio que persiste
Injusto
Sufocante
Leve e pesado
Grito que repercute no vácuo
Que termina por definir que o silêncio pode ser mais forte que meu grito"