segunda-feira, 10 de junho de 2013

Minha história na educação

Nunca fui a melhor aluna. Nunca fui a mais estudiosa. Nunca fui a mais dedicada. Nunca fui exemplo de nada relacionado a escola. Mas sempre gostei de estudar. Mesmo sem admitir, nunca me importei com as noites não dormidas em véspera de prova no colégio. Mesmo sendo "reclamona", eu sempre gostei.Meu problema com os estudos sempre se resumiram não acreditar que eu era capaz. Mas sempre que estive com a corda no pescoço, venci. Com muito esforço e ajuda de quem sabia mais. 

Sempre lembro do esforço que minha mãe fez para me manter em um bom colégio. Foi um sufoco. Mas após muita batalha, ela conseguiu a minha bolsa de estudo. Tive bons professores durante minha formação. que por diversas vezes romperam aquela barreira comum entre aluno e professor. Talvez na época eu não tivesse percebido, mas sempre estive cercada de mestres. Mestres que levarei comigo sempre. 

Livro foi algo que nunca faltou lá em casa. Quando não havia dinheiro para comprá-los, apareciam doações ou empréstimos. E foi nos livros que percebi meu amor pela escrita. Meu vício de inventar histórias mentalmente, ou alterar as histórias que eu lia. Hoje, tenho um prazer em adquirir livros. E mais prazer em poder emprestá-los. Incentivo todo mundo a estudar. A não desistir. A ler. A escrever. Ensino quando posso e quando sei, e tento aprender o tempo todo, mesmo sabendo que é impossível. 

Entrei numa Universidade Federal. Desisti do curso por problemas de conciliar estudo e trabalho. Estudar química não é pra qualquer um. Ainda mais quando não possuímos aquele talento natural para isso. Precisaria me dedicar somente a faculdade para me formar. E estudar mais do que fazer qualquer outra coisa nesse tempo. Eu costumo brincar que que larguei a química "por falta de química". 

Após esse empreitada na química, decidi estudar pro vestibular novamente. Perdida. Sem conseguir definir meu rumo. A insegurança de escolher o errado. Eu queria a área da saúde, mas me apontavam muito mais coisas negativas do que positivas. Cheguei a ouvir que não possuía o talento e o sangue frio para trabalhar nela. Após muitas horas, dias e meses de estudo, consegui ir bem no famoso Enem. Se tudo desse certo, não seria necessário encarar um vestibular da federal. Dentre os cursos que tinha média para bolsa de estudos, optei, ao contrário de muitos conselhos, pela Enfermagem. Ouvi calada todos os empecilhos e  críticas sobre a profissão. Para muitos eu morreria de fome e desempregada.

Como sou doida e teimosa, resolvi que se fosse para morrer de fome, seria fazendo a diferença. E assim iniciei a jornada. Já passaram-se quatro anos. E o mérito de estar aqui não se resume a minha bolsa de estudos ou a universidade, se resume a boa vontade dos meus amigos em me apoiarem nos momentos mais complicados. Eu brinco com uma amiga que faço questão de agradecer ela na minha formatura por todos os dez reais emprestados no meu primeiro semestre de faculdade, pois sem eles eu não teria conseguido chegar nas aulas. 

Eu ganhei uma bolsa, por mérito meu. Mas ninguém quer saber se eu consigo manter os gastos com a faculdade. Sim, gastos de transporte, material, deslocamento para estágios fora da cidade. Descobri que a universidade é tão fria quanto a maioria dos que lá estão. Busca-se poder, incentiva-se a vaidade, fecham-se os olhos para os desvios de conduta de alguns alunos, se pensa somente no dinheiro. Obvio que a universidade precisa dele para se manter...mas sempre achei que o ensino e integridade eram os "carros chefes" de uma educação. Eu tenho uma visão utópica sobre o ensino e a profissão que escolhi. Minha visão é boba e infantil. Irreal. Os alunos não possuem voz. Não há respeito. Existem máscaras e cinismo. No fim, somos apenas mensalidade. Lucro. Metas. Poder e vaidade. 

Hoje, muito mais do que em qualquer outro dia, percebo que a universidade não me agregou nada, NADA de bom. Cada conquista foi mérito meu e dos que me apoiam. Salvo alguns professores, o resto me ensinou tudo o que não quero ser como pessoa e profissional. E está claro, que o problema da educação, não está só no governo, mas também nesses que administram as instituições de ensino. E o motivo de escrever tudo isso? Chegou o momento em que talvez eu tenha que deixar tudo de lado. Desistir por hora, ou atrasar a formatura. Ou largar tudo e virar hippie. Quem sabe ganhar na mega sena... E a única lição que tiro de tudo isso: nenhum esforço é válido se não há um lugar bom para chegar. De nada adiantou todo o esforço, se estou numa instituição que não ouve os pedidos dos seus alunos. Há semestres estamos pedindo a mesma coisa, e NADA, mas NADA foi feito e nem justificado. Fecha-se os olhos para o necessário, e permite-se que os "espertinhos" sigam adiante. 

Sei que minha história não é a pior ou a mais triste. Mas infelizmente é mais comum do que imaginamos. E meu desabafo de nada vai servir, vai ser mais um registro. E só.

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